Cachoeiras Baependi – Cachoeira do Juju e outras maravilhas da cidade!
As Cachoeiras Baependi são tão numerosas e tão lindas que é inacreditável ainda serem meio desconhecidas. Fica por aqui que vou falar das principais cachoeiras em Baependi, vou revelar que a mais linda é a Cachoeira do Juju e também vou contar o que fazer em Baependi além das cachus, como por exemplo, visitar o Santuário de Nhá Chica.
Vem junto!
Dizem que há mais de 80 cachoeiras em Baependi. Não sei se é verdade, mas acho bastante verossímil, pois basta andar um pouco e você já dá de cara com alguma queda d´água!
Pelo menos 17 cachoeiras estão realmente mapeadas como pontos turísticos. Isso significa que você pode voltar à cidade muitas vezes e vai ter sempre algo novo para conhecer.
As cachoeiras só são acessíveis por estrada de terra que se espalham pelo imenso território da cidade.
Algumas distâncias são mais curtas, mas a maioria das cachoeiras em Baependi está um pouco mais distante do centro e em época de chuva só são acessíveis com veículos 4×4. Uma dica bacana para qualquer época é andar com os pneus um pouco mais vazios para evitar furos. Pesquise a calibração ideal pro seu carro em estradas de terra.
Existem diferentes bairros e estradas para diferentes direções, então o ideal para aproveitar Baependi é planejar para que lado você vai e é assim, por “região”, que vou fazer as indicações das Cachoeiras Baependi dividindo por: Gamarra, Serra do Juju, Itaúna/São Pedro e Usina.
1) Gamarra – Cachoeiras em Baependi MG
A região do Rio Gamarra é a mais popular de Baependi e tem ótimas paradas, por isso começo por ela. Passando o portal da cidade, pegue à esquerda na rotatória sentido bairro Lavrinha ou Gamarra e siga as placas. A estrada em geral é boa, mas em época de chuvas pode ficar ruim em certos trechos.
Até o Espraiado do Gamarra, o local mais acessível e frequentado da cidade, acredito que seja viável ir com carro comum mesmo com chuvas. Mas se tiver chovido muito, é bom ser um motorista mais experiente. A partir dali, só de 4×4 nas épocas molhadas.
Já fui até o Porto Correio (falo dele abaixo), bem mais à frente, com um Fiat Mobi 1.0 e voltei sem perrengue para contar as lindezas de Baependi. Bom, não posso dizer que não duvidei que seria possível em alguns momentos – Rá-Rá – mas deu tudo certo. Era dezembro, mas não tinha chovido muito. É MUITA pirambeira depois do Espraiado, gente. Então, se tiver chovido, só de 4×4 e mesmo assim, vai ser aventura!
Só nessa estrada há pelo menos 6 cachoeiras (ou corredeiras) gostosas: a Cachoeira do Moinho, o Espraiado do Gamarra, a Cachoeira do Caixão Branco, a Cachoeira do Saltador, a Cachoeira do Inferninho e o Porto Correio.
Cachoeira do Moinho e Espraiado do Gamarra
A Cachoeira do Moinho e o Espraiado do Gamarra são grudados, são os mais próximos da cidade, cerca de 13kms desde o centro, e são fáceis de achar, pois estão na beira da estrada. Por isso ficam bem cheios nos finais de semana e feriados.
Também ficam cheios porque são pequenas corredeiras num trecho mais tranquilo do rio Gamarra e que formam um piscinão com pequenas prainhas de areia. As margens são gramadas e há o famoso Bar da Mena, na Casa Amarela em frente ao Espraiado.
Veja que esses locais unem tudo que é mais prático para quem quer se divertir sem muita aventura: fácil acesso sem trilha, lugar para estacionar e para ficar colado na água e com um bar com comida e bebida à mão.
Por outro lado, você não pode se incomodar com excesso de pessoas e de barulhos (mas sons automotivos são proibidos, graças à deusa do bom senso), e nem com pessoas embriagadas.
Aproveito para lembrar que além de proibido, NÃO DÁ para dirigir nessas estradas depois de beber. Leve isso à sério e de qualquer forma, esteja sempre atento, porque nem todo mundo leva.
Cachoeira do Caixão Branco
Cerca de 1km depois do Espraiado há um pequeno descampado e uma placa indicando a Cachoeira do Caixão Branco. Por que será que tem esse nome? Não sei. Mas não se preocupe que não tem nada de assustador.
Você estaciona ali no descampado e já vai ver a trilha demarcada mais perto do rio, seguindo para a direita. São cerca de 800 metros até a cachoeira. Vá de tênis para evitar escorregadas, topadas e picadas, mas a trilha é fácil.
Você chegará primeiro à um piscinão, com algumas pedras para sentar e passar o dia. Como fui numa época mais chuvosa, o rio estava mais forte e escuro e preferimos não ficar por ali. Seguimos até as corredeiras um pouco mais à frente com muitas pedras que formam piscininhas e hidromassagens. Tem bastante espaço para passar o dia sossegado.
Uma dica útil é seguir a trilha que vai mais por cima, pela direita. Se você descer no sentido do rio a trilha é mais úmida e escorregadia, com algumas subidas e descidas. Por cima é uma caminhada mais tranquila.
Cachoeira do Saltador e do Inferninho
A partir da Cachoeira do Caixão Branco as coisas começam a ficar mais longe e a estrada, bem mais desafiadora. Como eu disse, segui adiante com o Mobi 1.0 e deu tudo certo, mas realmente a estrada deve estar seca. Até essas próximas cachoeiras do Saltador e do Inferninho são cerca de 10kms a partir do Espraiado, ou seja, 23kms do centro.
Além de ter uns trechos de subida e descida longas e em curva, a estrada é estreita e não tem espaço para muita manobra. Mas em compensação, a vista ao longo do caminho é linda!
Você pode começar aproveitando a visão do mar de montanhas fazendo uma paradinha no mirante natural que fica na Igreja de São João Batista ou do Gamarra, cerca de 3kms após a Cachoeira do Caixão Branco, à direita.
Dizem que o nascer do sol é lindíssimo de lá. Achei uma delícia ficar sentada ali vendo o vaivém das nuvens sombreando as montanhas, um fusquinha branco passando na estrada lá longe, a fumaça saindo do fogão a lenha de um sítio azul e pensando “o que será que eles iam comer de bom?”. A vista é pura paz.
Bem, para chegar ao Saltador e ao Inferninho, siga pela estrada com cuidado. Há placas. A cachoeira do Saltador é meio pequenita e fica à esquerda.
Já a Cachoeira do Inferninho fica à direita um pouco mais à frente. Desça por cerca de 200 metros em meio à um lindo bambuzal e chegará no topo da cachoeira, que é uma queda imensa e bem forte. Não dá para descer e os locais dizem que aqui é “só para fotos”.
Mas tem o riacho com algumas corredeiras e hidromassagens e um espaço bem aberto nas pedras que achamos ótimo para curtir o dia lendo um livro entre um e outro mergulho.
Porto Correio
Um bocado mais pra frente da Cachoeira do Inferninho, cerca de uns 2kms, há essa outra atração de Baependi, que embora seja na natureza e seja mais uma queda d´água com piscinão, está mais para atração histórica.
Segundo consta, na época do Brasil Colônia as correspondências eram levadas por burros e entregues em pontos específicos de cada cidade. No caso de Baependi o ponto era aqui na área de uma ponte sobre o Gamarra, o Porto dos Correios. E assim, o lugar virou “Porto Correio”, embora ninguém entregue mais nada por ali.
Para chegar, siga no sobe e desce e curva e vistas e vacas até chegar numa casa rosa. Essa é a referência. Se a casa mudar de cor, baubau. Rá-rá. Pare o carro na casa rosa e vá descendo no sentido da esquerda até a curva, o porto fica a uns 300 metros da casa.
É possível que nessa descida você seja seguido por vacas. É que tem um comedouro bem na curva adiante e elas provavelmente acham que chegou a hora de papar. Vá na boa. Depois que descobrem que você não é o garçom elas saem pastando ou tirando sonecas pelo caminho.
Logo depois do comedouro tem uma descida pra direita, siga por ela até a beira do rio e verá os restos da “Ponte dos Correios” que, infelizmente, não está preservada.
Continue para a esquerda do rio, mais para a frente haverá a área aberta com piscinão e corredeiras. Ainda que o piscinão não seja excepcional, é daqueles casos que o caminho ainda vale a viagem e é um ótimo escape quando as outras cachoeiras estiverem cheias.
Além das Cachoeiras do Gamarra: Céu do Gamarra e Espaço Lua Branca
Depois do Porto Correio você vai entrar num trecho mais alternativo de Baependi, onde fica a comunidade Céu do Gamarra, uma instituição dedicada à doutrina do Santo Daime segundo ensinamentos que Mestre Irineu teria recebido de Nossa Senhora da Conceição (lá no fim do post a Santa aparece novamente, continue aqui).
Ali também há uma ecovila, o Espaço Lua Branca, onde há opção de hospedagem e são ministrados cursos sobre agricultura e outros temas. Se te interessar por esse tipo de coisa, esse é o lugar.
A comunidade já está na beirada do Parque Estadual da Serra do Papagaio que, em sua maioria, está situado no município de Baependi embora seu principal símbolo, o Pico do Papagaio, esteja em Aiuruoca, a cidade vizinha.
Se seguir adiante no modo aventureiro e com carro adequado, depois de muita estrada você consegue chegar na Cachoeira dos Garcias, uma das mais lindas de Aiuruoca, sobre a qual já contei tudo nesse outro post, clica para ler que também vale a visita!
2) Região da Serra do Juju e Cachoeira do Juju
Se você olhar no mapa, vai ver que o o Rio Piracicaba, que também corta Baependi, passa assim meio paralelo ao Rio Gamarra e vai cruzando morros e desabando em um monte de cachoeiras pela região da Serra do Juju.
Apesar de correrem “lado a lado”, na verdade tem um mar de montanhas entre os rios e as regiões. Embora exista uma estrada que ligue o Gamarra à Cachoeira do Juju pelos bairros São Pedro e Piracicaba, a coisa é meio complexa.
Mais uma vez, fiz esse trajeto de cerca de 15kms do Gamarra à Cachoeira do Juju via São Pedro com o Mobi 1.0, mas de novo ressalto que é inviável se tiver chovido muito. A estrada entre esses pequenos bairros não é muito bem cuidada e tem muita pirambeira. Mesmo em boas condições pode colocar ai 1h30 chacoalhando pelo caminho.
A distância do centro de Baependi à Cachoeira do Juju é de pouco mais de 30kms e pelo menos um trecho da estrada é melhor, embora também seja de terra. Você vai seguir as placas no sentido da Cachoeira do Itaúna e depois para a Cachoeira do Juju. Nesse trajeto também pode colocar a partir de 1h30 no carro.
Você pode estar pensando que nem é tão longe, mas acredite, demora isso tudo mesmo. De qualquer forma, vale cada minuto, pois não apenas a Cachoeira do Juju é inesquecível como tem outras cachoeiras maravilhosas por lá.
Cachoeira do Juju Baependi
Esse é um dos lugares mais lindos que já fui na vida. Quase desisti de conhecer porque como fui na época de chuvas e com um carro menos potente, estava com medo da estrada.
Porém, o povo de Baependi é absurdamente simpático e acolhedor e recebemos várias dicas valiosas e muito incentivo para conhecer a cidade e a Cachoeira do Juju, sendo a principal delas de um senhor que encontramos na Cachoeira do Caixão Branco.
Ele estava levando sal para as vacas da fazenda ali perto, nos encontrou e parou para bater um papo como se os 50kgs que levava nos ombros não fossem nada. Perguntou o que já tínhamos conhecido, se gostamos, para onde íamos e por fim recomendou enfaticamente que não podíamos ir embora sem conhecer a Cachoeira do Juju, que ele descreveu como “um pedaço do Paraíso”. Ele olhou nosso carro e disse que tinha certeza que a gente chegava, sim, com certeza, com o fiatizinho.
Sabe aquele empurrão que às vezes o universo te manda? O dia estava até meio nublado e foi só encontrarmos com esse mensageiro que o céu abriu. Simplesmente entramos no carro e fomos direto pra Cachoeira do Juju.
Sacolejamos por mais de hora até que de repente, depois de uma curva como as outras, surgiu uma imagem tão embasbacadora que nem dá para descrever direito.
Uma cachoeira monumental descia por uma montanha até um vale bem verdinho com umas poucas casinhas lá embaixo. A gente seguiu devagar na direção daquela cena surreal que parecia de filme.
A Cachoeira do Juju tem mais de 130 metros e assim, de longe, já impressiona. No início do caminho que leva ao sopé fica a entrada para o Parque Estadual da Serra do Papagaio. Quando estivemos lá não tinha ninguém, mas tem uma portaria e um barzinho que deve abrir nos finais de semana.
Você estaciona ali (acho que em finais de semana e feriados o estacionamento é pago) e segue pela trilha que vai para a direita e que começa atrás do bar.
A trilha é fácil, mas é preciso ir de tênis, pois tem bastante pedra e alguns trechos são mais desprotegidos, com perigo de escorregar. São cerca de 20 minutos de caminhada em leve subida.
Por essa trilha não se chega ao poço nem à queda da cachoeira, mas sim à uma parte alta com pequenas quedas que formam deliciosas piscinas com “borda infinita” para o vale lá embaixo (sim, é no plural mesmo, piscinas!).
Olha, a sensação de nadar naquelas águas cristalinas a cerca de 800 metros de altura e com uma das vistas mais deslumbrantes do mundo não pode ser dita de outra forma que não seja: Divina. É um pedaço do Paraíso mesmo.
Pus umas fotos aqui, mas nada vai chegar aos pés da beleza que se vê com os próprios olhos e nenhuma palavra vai realmente dizer o que se sente. Apenas vá. Apenas cuide para o lugar permanecer intacto e curta aquela magia em silêncio e sem pressa.
Cachoeira do Caldeirão
Esta cachoeira é considerada por muitos a mais agradável de Baependi. Fica próxima da Cachoeira do Juju e praticamente a mesma distância do centro – 30kms. É a mesma estrada, mas no trecho final vai ter uma bifurcação com placa: de um lado vai para o Caldeirão e de outro para Juju.
A cachoeira do Caldeirão tem uma queda longa e um poço enorme, que é resultado de atividade mineradora na região. Sob o sol fica bem bonito, bem verde e alguns gostam de pensar que é possível encontrar algum ouro por lá (é viagem, já aviso!)
O poço é fundo e por isso dá para saltar da pedra ao lado da queda, mas fique esperto com a força da água, que inclusive faz o poço “borbulhar” como um… caldeirão.
Cachoeira Honorato Ferreira
No trajeto da Cachoeira do Juju fica outra famosa cachoeira em Baependi, a do Honorato Ferreira. Fica do lado direito da estrada, consideravelmente antes da Juju, mais pro lado do bairro Piracicaba.
Tem espaço para estacionar próximo a um campinho de futebol e um barzinho. A trilha a partir do bar é fácil e rapidinha e a cachoeira tem uma queda de tamanho médio e um poço bem bonito que fica verde esmeralda no sol.
Cachoeira do Coimbra, Cachoeira da Vaca e Cachoeira das Três Quedas
Na região da Cachoeira do Juju, mas no sentido do Fundão, ficam essas 3 cachoeiras mais ou menos próximas.
São cachoeiras em áreas privadas e que você precisa de autorização para entrar. Pelo que entendi, são fáceis de acessar e descem em sequência por uma espécie de canyon onde, por isso mesmo, algumas pessoas praticam o canyonismo, ao contrário da Cachoeira do Juju onde a prática mais comum é de rapel. Ambas atividades exigem guias, ok? Procure pessoas experientes e locais para essas aventuras.
3) Região de Itaúna e São Pedro
A região do Bairro São Pedro, a cerca de 20kms do centro de Baependi, também tem algumas cachoeiras. A estrada até lá é parcialmente a mesma de quem vai para a Cachoeira do Juju, mas fica pelo menos 10kms antes, o que já facilita um bocado.
Cachoeira do Itaúna
A Cachoeira do Itaúna é aparentemente a que tem melhor estrutura para turistas. Bem ao lado há um restaurante com banheiros, inclusive chuveiros, e a área é muito bem cuidada. Tem até espaço para camping.
Fica bem perto do bairro e é outra cachoeira bem acessível: o estacionamento é praticamente ao lado da cachoeira e não há trilha.
É um conjunto de quedas baixas formando um piscinão tranquilo com escorrega natural num espaço bem amplo e aberto, com muito sol. Ou seja, agrada de crianças a idosos.
Por tudo isso, mesmo sendo distante 20kms do centro, é outro local bem popular e que fica cheio nos finais de semana e feriados.
Cachoeira do Bugio
Bem pertinho da Cachoeira do Itaúna fica a Cachoeira do Bugio, que é bem bonita, com uma queda alta, mas sem poço.
Como não há espaço para nadar, é uma cachoeira bem menos famosa e frequentada, exceto pelos praticantes de rapel. Há uma via ferrata (um tipo de escada) para subir ao topo da cachoeira e proteções fixas para escalada e rapel, o que faz desta cachoeira um local perfeito para quem curte esse esporte.
4) Cachoeiras Baependi – Usina
Terminando as indicações de cachoeiras em Baependi com a famosa Cachoeira da Usina do Rio Baependi.
Essa queda foi uma das primeira a ser utilizada para produzir energia em Minas Gerais, em 1911, e o conjunto de obras da Usina e o projeto paisagístico é tombado desde 1999.
Fica bem próxima do centro, cerca de 6kms no sentido do bairro Lavrinha e parece ser bastante movimentada.
E se você ama trilhas e cachoeiras, conheça também o Paraíso Selvagem em Delfinópolis.
E todas essas cachoeiras podemos ter acesso pelo aplicativo Cachoeiras estrada Real: vou deixar o link a baixo!
http://www.cachoeirasestradareal.com.br
Conteúdo e informações do site https://expressinha.com/